“...o Ateliê Fidalga calca-se na experiência de todos, dos antepassados e dos de agora, na tradição e na inquietação. Um ateliê que usa o modelo horizontal de aprendizado do conhecimento, com direitos e deveres simétricos e equidistantes. É da arte da fidalguia que se aprende neste ateliê, exercício da discussão sobre o fazer artístico e o da sua deontologia, do prazer de ser artista e revelar verdades e sonhos que a arte promove …”
Paulo Reis
Há 15 anos criamos o Grupo de Estudos do Ateliê Fidalga. No início, os encontros tinham um formato parecido com o dos ateliês livres: com aulas práticas, cada artista trazia seu material e realizava seu trabalho a partir dos exercícios propostos.
Pouco a pouco, à medida que os trabalhos cresciam, surgiram outras necessidades e, de repente, os encontros não eram mais práticos, e passaram a ser uma orientação de projeto, uma reflexão sobre o fazer artístico.
O Ateliê Fidalga transformou-se num espaço para trocas, discussões, intercâmbio, um local onde artistas de diferentes idades e das mais distintas formações, como filosofia, arquitetura, comunicação, literatura, artes visuais, encontram-se com o objetivo de dialogar sobre suas pesquisas no campo da arte. Nosso trabalho é fazer a mediação, propor situações e dinâmicas que estimulem o desenvolvimento das poéticas pessoais.
O Ateliê Fidalga não é uma escola, portanto não segue uma metodologia acadêmica e não tem um programa a cumprir. É um organismo vivo, onde a cada dia e a cada novo encontro novas questões são trazidas pelos artistas e colocadas em pauta para reflexão e análise. Nosso comprometimento é respeitar as individualidades e aprender com elas.
Se a arte é um exercício de liberdade, o que tentamos fazer é estimular a criação e dar aos artistas instrumentos para que essa criação seja contextualizada.
Hoje recebemos semanalmente cerca de 50 artistas, divididos em três grupos. Cada um desses artistas é absolutamente livre para desenvolver sua poética e é também responsável por suas escolhas. Eles apresentam seus projetos, expõem suas incertezas, dúvidas, compartilham suas experiências , percebem no outro um pouco de si. Esse espelhamento de si pelo outro é um dos caminhos possíveis para o diálogo.
Albano Afonso e Sandra Cinto