O artista plástico e comunicador visual, Alberto Pereira, produziu na última segunda-feira, dia 6 de novembro, mais um de seus trabalhos que envolvem a técnica do lambe-lambe. Reconhecido por utilizar a técnica para discutir temas, como identidade, o lugar do artista no mercado da arte e o uso das cidades e territórios o artista produziu no telhado de uma residência, em Vila Kennedy, “Tecido Social”, um lambe-lambe criado a partir de estudos do artista sobre a violência e, também, fruto de uma vivência a convite do Stanley, CRIES e Kroc Institute, em Barcelona.
Com uma equipe toda formada por moradores desse bairro, “Tecido Social” possui o tamanho de 30m² e foi produzido telhado fazendo alusão à violência crônica e multidimensional, que está sempre entre nós e, sobretudo, em um escala acima de nós, para além da nossa visão. A escolha do local tem influência com seu histórico de violência e de vulnerabilidade social, observada desde o início de sua criação, na década de 1960.
"O convite parte de uma vontade de falar sobre o tema a partir de outras óticas e saberes; unir duas linguagens distintas (academia e rua) e criar uma terceira. E talvez entender que falam a mesma língua, mas se expressam diferente" - Carolina Herszenhut, diretora da Aborda.
A criação do trabalho surgiu a partir de sua estadia de uma semana em Barcelona junto ao Stanley Center for Peace and Security, o Laboratório de Violência, Desigualdade e Poder do Kroc Institute for Peace and Justice da Universidade de San Diego e a CRIES (Coordenadora Regional de Pesquisa Econômica e Social) para um encontro focado em elaborar uma publicação com a finalidade de aprofundar estudos relacionados a Violência em Massa Baseada em Identidade nos contextos urbanos. Depois da elaboração de estudos de caso e encontros fechados estabeleceu-se que, entre 2022 e 2023, os grupos iriam desdobrar seus estudos com trabalhos. Para a participação do material, o artista optou por realizar esta intervenção.
“O nome da obra é “Tecido Social” como resultante das discussões dos encontros que tive com os editores, autores, outros implicadores e o próprio objetivo da publicação em si, de não só tecer diagnósticos sociais, como também apontar caminhos e possibilidades de retração das violências. A minha análise ao ver estudiosos, diversos objetos e estudos de caso, vindos de 41 profissionais, de 14 países distintos, 4 continentes, realidades e condições sociais completamente distintas, foi pensar se cabe um espaço de proteção e dignidade para todos. Longe de encontrar as respostas, mas com a intenção de provocar reflexão, a intervenção urbana para além da materialidade da obra propõe uma pergunta: até onde cobre o tecido social?”, declara o artista.